convênio, intercâmbio e participação em redes de pesquisa
As três linhas de pesquisa do Programa de Pós-graduação em Geografia da FFP/UERJ – Ensino de Geografia; Geografia e Relações de Poder; e Natureza e Dinâmica da Paisagem – possuem docentes que coordenam ou estão articulados a projetos de pesquisa desenvolvidos em rede de colaboração ou convênios que envolvem parcerias nacionais e internacionais. Convênios e parcerias em redes possibilitam a participação bilateral de pesquisadores estrangeiros em bancas de qualificação e defesa, publicações de artigos e livros, diálogo com as redes de ensino público locais e de outros estados, interlocução das pesquisas com movimentos sociais, outras organizações da sociedade civil e órgãos públicos de diferentes naturezas. Diversos desses projetos são financiados por agências de fomento, seja com recursos para custeio e capital (equipamentos e material permanente) ou por meio de bolsas. Os conhecimentos produzidos no âmbito dos diálogos possibilitados pelos convênios e redes não são um fim em si mesmo, mas abrem-se, perseguem respostas, enfrentam limites e exigem mudanças de percursos no pensar, no estudar, na admissão de temas e no reconhecimento enquanto sujeitos que se mobilizam para alcançá-los – além da busca pela inserção e atuação junto às diversas sociedades e lugares nos quais se inserem.
Por isso,
Projeto de Parcerias Conjuntas – Por desenvolvimento socioambiental das comunidades locais: estruturando redes de pesquisadores Brasil-Moçambique. Em 2014, por meio de visitas técnicas de nós professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, visitamos a universidade Pedagógica de Moçambique, Faculdade de Ciências da Terra e Ambiente na cidade de Maputo e o Centro de Estudos de Desenvolvimento Comunitário e Ambiente (CEDECA), situado em Beira e dirigido pelo professor Dr. Raimundo Mulhaisse. O CEDECA tem como objetivo principal promover e desenvolver pesquisa científica, ações de formação e de prestação de serviços especializados nos domínios de Desenvolvimento Comunitário e Ambiente. Desde então temos trabalhado conjuntamente na elaboração do Museu das Culturas, por meio de parcerias e consultoria na pesquisa, levantamento de materiais e organização conceitual de exposição; no diálogo com a produção de pesquisa dos professores de Moçambique publicamos o livro “Por um Desenvolvimento Sustentável: relatos de experiências de pesquisa em Moçambique”. Rio de Janeiro: LetraCapital/UERJ/CEDECA-UP, 2018. Considerando a necessidade de fortalecimento do CEDECA , a partir de 2015 foi estabelecido o convenio UERJ-Moçambique, diversas atividades vêm sendo realizadas e necessitam da implementação de recursos e formação de recursos humanos sobre metodologias e levantamentos de dados no diálogo entre Brasil e Moçambique. Moçambique continua a figurar na lista dos países mais pobres do mundo, situação historicamente decorrente do colonialismo, da exportação da mão-de-obra para servir uma minoria e da destruição causada pela guerra que tem desestabilizado os mecanismos para gerar desenvolvimento econômico a partir da riqueza dos recursos naturais e humanos. Todos estes fatores, aliados ao analfabetismo, à epidemia do HIV SIDA e aos desastres naturais, decorrentes das mudanças climáticas, estão afetando consideravelmente o desenvolvimento do país e das comunidades locais. Portanto, urge a necessidade de desenvolver um ambiente acadêmico que permita refletir sobre a produção de conhecimentos de forma institucional e sistêmica que garanta a elaboração de acervos e bancos de dados sobre as dinâmicas econômicas, espaciais e territoriais para formar especialistas públicos e privados, locais e externos, para o desenvolvimento comunitário, contribuindo na elaboração de políticas públicas nacionais e das províncias de Maputo e Sofala. É neste contexto de múltiplos desafios que o CEDECA concebe a formação de especialistas para o exercício de investigação, docência no ensino superior e intervenção social como contributos para incrementar a pesquisa em Desenvolvimento Comunitário, realçando os conhecimentos sobre comunidades sustentáveis, que constitui a área de concentração do programa. Esta formação será realizada através do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Comunitário, nível de mestrado e doutorado e conta com a participação da UERJ, além de outras universidades brasileiras na elaboração dessa proposta que contribui na articulação teórico e metodológica do que problematizamos como desenvolvimento local das comunidades. Coordenadora: Profa Dra Catia Antonia da Silva (UERJ). Professores de Moçambique envolvidos: Prof. Dr. Raimundo Mulhaisse (CEDECA) da Universidade de Licungo (UNILICUNGO) – Cidade de Beira; Prof. Dr. Gustavo Sobrinho Dgedge – Universidade Pedagógica Maputo (UniMaputo); Prof. Dr. Zacarias Alexandre Ombe (Universidade Pedagógica), Cidade de Maputo; Aniceto Mapfala – Universidade Licungo (UniLicungo); António Domingos Braço – Universidade Licungo (UniLicungo); João Carlos Lima – Universidade Licungo (UniLicungo). Professores do Brasil envolvidos: Prof. Dr. Frédéric Monie (UFRJ); Prof. Dr. Vinicius Seabra (UERJ); Prof. Dr. Marcos César de Araújo Carvalho (UERJ); Profa. Dra. Ana Claudia Sacramento (UERJ); Prof. Dr. André Luiz Carvalho da Silva (UERJ); Porf. Dr. Nilo Sérgio D’Ávila Modesto (UERJ). O projeto está sediado na Universidade Licungo (UniLicungo), que pertencia à Universidade Pedagógica em Moçambique (com a qual foi estabelecido incialmente o convênio com a UERJ), destacando que o Governo de Moçambique decidiu, na sua II Sessão Ordinária do Conselho de Ministros (realizada em 30 de janeiro de 2019), criar a partir da extinção da Universidade Pedagógica (UP) cinco novas universidades, designadamente: (i) Universidade Rovuma (UniRovuma) – integrando a UP Niassa, UP Nampula e UP Montepuez; (ii) Universidade Licungo (UniLicungo) – incorporando a UP Beira e UP Quelimane; (iii) Universidade Púnguè (UniPúnguè) – integrando a UP Manica e UP Tete; (iv) Universidade Save (UniSave) – incorporando a UP Massinga, UP Maxixe e UP Gaza; e (v) Universidade Maputo (UniMaputo) – que se resume na conversão da UP-Sede.
Convênio pela Linha de Natureza e Dinâmica da Paisagem tem permitido intercâmbio de professores (nos anos de 2016, 2017, 2018 e 2019), por meio do qual foram ministrados minicursos, palestras e atividades de cooperação em projetos de pesquisa sobre o monitoramento da erosão costeira no litoral do Caribe, a convite de pesquisadores costarriquenhos. Dessa parceria resultam orientações compartilhadas (5 de graduação e 1 de mestrado) envolvendo estudantes dos dois países, intercâmbio bilateral de professores e publicações. Atualmente, vem sendo desenvolvido um estudo sobre a poluição por resíduos sólidos no Caribe Sul da Costa Rica, sob a coordenação de um dos professores do programa André Luiz Carvalho da Silva e com a colaboração de pesquisadores da Universidad Nacional da Costa Rica. Esse estudo está vinculado ao desenvolvimento da pesquisa de uma mestrado do nosso programa (Emanuelle Assunção Loureiro Madureira Link Lattes), sob a coorientação de pesquisador da UNA-Costa Rica Professor Gustavo Barrantes Castillo e que possibilitou também um intercâmbio feito pela estudante no ano de 2019, com a realização de trabalho de campo para a coleta de amostras no Caribe, palestra e minicurso. A defesa de mestrado da estudante ocorreu em novembro de 2020. Atualmente, os envolvidos no projeto têm se dedicado à realização de novas análises nos materiais coletados e escrita de artigos científicos para a divulgação dos resultados. Esses materiais e iniciativas que se constituem no primeiro estudo já realizado no caribe da Costa Rica sobre a contaminação de praias por microplásticos.
Projeto internacional fomentado pelo convênio CAPES-MINCyT articulado por docentes da linha de pesquisa Natureza e Dinâmica das Paisagem, realizou viagens bilaterais, orientações, publicações e palestras, com ênfase no estudo de bioindicadores para a reconstrução paleoambiental nas regiões Sudeste/Sul do Brasil e Sul da Província de Buenos Aires, Argentina. Esse projeto de cooperação internacional Brasil/Argentina (CAPES/ MINCyT) tem como objetivo identificar e caracterizar palinomorfos e biominerais de sílica, ferro, cálcio e seus processos biogeoquímicos em ambientes costeiros e continentais do Brasil e da Argentina e relacioná-los com peculiaridades dos fatores ambientais para fins de reconstituição paleobiogeoclimática, fortalecendo a formação de um quadro de pesquisadores voltados para essa temática. O grupo envolvido no projeto, trabalhando interdisciplinarmente combina competências nas áreas de Biologia, Geologia, Geoquímica, Geomorfologia, Solos, Sedimentologia, Dinâmica costeira, entre outras. Ações que estão fortalecendo a formação e aperfeiçoamento de um quadro de pesquisadores e docentes voltados para essas importantes temáticas ambientais.
Articulada por docentes da Linha de Ensino de Geografia essa rede tem estabelecido colaboração com docentes de universidades da Colômbia, do Chile e da Argentina. O que tem resultado na participação em bancas, eventos e pesquisas colaborativas.
Integrada por docentes da Linha de Geografia e Relações de Poder (Catia Antonia da Silva e Luis Henrique Leandro Ribeiro – NUTEMC/FFP/UERJ) a “Rede Lastro de Análise de Conjuntura, Território e Sociedade – em diálogo com o pensamento de Ana Clara Torres Ribeiro” agregar pesquisadores, professores, estudantes, agentes sociais e gestores públicos nos temas: análise da conjuntura social, território e tecnologias, com ênfase nos campos dos direitos humanos, educação e planejamento urbano e regional. O que tem resultado na participação em bancas, eventos, debates, extensão e pesquisas colaborativas junto a instituições diversas: UNICAMP, UFRRJ, PUC-Campinas, UERJ, FIOCRUZ, UFF, UFJF, UFBA, UFRJ, USP, UFBA, FLACSO (Argentina), IFRJ, Colégio Pedro II, Redes Municipais e Estadual do RJ de Ensino (Quatis-RJ), Fórum dos Pescadores de Sepetiba e Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais do Brasil (MPP).
Articulada por pesquisadores de diversos países da América Latina, integrada pelo docente André Luiz Carvalho da Silva da linha Natureza e Dinâmica da paisagem (PPGGEO/FFP/UERJ), a Red Latinoamericana de Erosión Costera (RELAEC) objetiva divulgar, discutir, integrar e apresentar à sociedade questões relacionadas à erosão costeira, promovendo a aproximação entre a ciência e a gestão dos espaços costeiros e a tomada de decisões sobre mudanças no litoral e variações espaciais dos litorais dos países latino-americanos. Contribuindo para o desenvolvimento da investigação integrada e para a redução dos obstáculos que tradicionalmente existem entre a gestão dos espaços balneares e costeiros e o conhecimento científico, a RELAEC visa servir de elo entre gestores, tomadores de decisão, universidades, ONGs e movimentos sociais na busca de soluções integradas e sustentáveis para reduzir e mitigar os efeitos da erosão costeira em nossos países.
A Rede de Geografias da Pesca foi construída durante o Encontro Nacional de Geógrafos e Geógrafas (ENG) de 2012, em Belo Horizonte (MG), no Espaço de Diálogos e Práticas – EDP: Comunidades tradicionais: pescadores, ribeirinhos e caiçaras. Participaram geógrafos(as) de diversos estados brasileiros que se dedicam à compreensão e estudo sobre a pesca no território nacional. A problemática da pesca contribui para nova leitura sobre o território nacional, tradicionalmente e geograficamente definido na afirmação de “vazios demográficos”. Esta afirmação, comum a Geografia quando se fala de Brasil, acaba por tornar invisíveis pescadores, quilombolas, pequenos agricultores e coletores e tantas outras populações que dão sentido social, econômico e cultural por meio de suas espacialidades e historicidades à produção social do território brasileiro. Pescadores são muitos, diferentes e semelhantes, de norte a sul do Brasil. Trata-se de um grupo social que contribui no pensar da Ciência Geográfica: compreender os territórios pesqueiros é compreender as águas como território. Compreender seu cotidiano, seus trajetos, suas formas de trabalho, de morada e de sociabilidade. O entendimento suas histórias, suas estórias, seus conflitos frente à modernização excludente e ao desenvolvimento em curso é possibilidade metodológica e epistemológica em construção de um novo fazer geográfico no encontro com as muitas cartografias das ações possíveis na luta social pela visibilidade, alteridade e pelo direito. Direito pela vida, pela vida coletiva, pelo trabalho e pela cultura. Esta rede, portanto, está aberta à continuidade do debate, à troca de experiências, de textos, de contextos e de referências bibliográficas, de geoiconografias e de vídeos. Sua finalidade é a construção nacional de saberes sobre a pesca a partir da ciência geográfica. Coordenadores: Prof. Dr. Cristiano Quaresma de Paula (FURG) e Profa. Dra. Cátia Antônia da Silva.
https://geografiasdapesca.furg.br/a-rede/apresentacao-e-historico
No sentido de incentivar abordagens mais holísticas no estudo dos sistemas costeiros, a Rede BRASPOR tem entre os objetivos específicos a perseguir pelo conjunto de pesquisadores que a constituem, os seguintes: Ampliar o conhecimento global dos sistemas costeiros através do desenvolvimento (ipso facto) da interdisciplinaridade, nomeadamente a que envolve disciplinas das Ciências Exatas e Naturais e das Ciências Humanas e Sociais; Promover a integração disciplinar, metodológica e de dados, por forma a que a re-interpretação conjunta efetuada por pesquisadores com formações e práticas diferenciadas propicie a criação de novas informações conducentes a um conhecimento mais holístico dos sistemas costeiros; Corrigir determinadas assimetrias do conhecimento, quer através da inclusão de novos pesquisadores com formações complementares em ações de pesquisa em curso, quer por meio da disponibilização de conjuntos de dados ou de equipamentos aos que deles carecem (pressupondo-se sempre o respeito pelas normas éticas intrínsecas à Ciência). Através das ações colaborativas acima aludidas, prosseguir numa via conducente a uma avaliação mais ampla e integrada dos riscos existentes nas zonas costeiras (nomeadamente riscos físicos, sociais, ecológicos, econômicos, geológicos, culturais, oceanográficos, de saúde pública e químicos). De certa forma inerente às atividades de pesquisa científica está a produção de conteúdos didáticos, quer para o ensino (a todos os níveis), quer para o público em geral, pelo que é desejável que as colaborações estabelecidas através da Rede BRASPOR contemplem também de forma significativa estes aspetos. Tendo em consideração as características da comunidade científica global, a Rede BRASPOR institui-se, também, através das interações entre pesquisadores integrados, como forte incentivadora de pesquisa internacionalizada e competitiva. De forma genérica, através dos objetivos específicos elencados, a Rede BRASPOR pretende criar sinergias intrínsecas à colaboração entre cientistas com formações diversificadas e dedicados ao estudo de sistemas costeiros diferenciados e contrastantes que permitam compreender melhor estes ecossistemas, principalmente no que concerne às interações entre o Homem e o Meio.